O presidente da Associação Nacional do Ministério Público de Contas (AMPCON), Júlio Marcelo de Oliveira, debateu recentemente em entrevista concedida ao programa ‘Frente a Frente’, exibido na Rede Vida, temas relevantes para o país neste ano eleitoral, como a questão orçamentária e a corrupção. Júlio Marcelo é Procurador de Contas e atua junto ao Tribunal de Contas da União.
Durante a entrevista, o Procurador apontou a situação fiscal do país como sendo primordial para fazer uma administração séria e competente. Segundo ele, é necessário não subestimar a gravidade da situação fiscal do país, visto que, atualmente, encontra-se com um nível de endividamento público muito alto e despesas obrigatórias têm tido crescimento constante.
Ao comparar a carga tributária para serviços públicos do país com a de outros países, Júlio Marcelo afirma que a do Brasil está muito alta e indica que para resolver este problema, o novo governo precisa fazer as reformas necessárias. “O grande conselho é tomar pé da situação com grande realismo, não vender ilusões para sociedade brasileira porque elas vão se frustrar”, afirma.
Em relação à questão orçamentária, o Procurador de Contas comentou que no Brasil o assunto é visto como uma peça técnica, árida e que poucas pessoas entendem, diferente de países da Europa, que tratam o tema com grande relevância, sendo um dos principais assuntos debatidos no Parlamento.
“O governo fala pouco do que esta acontecendo, quais as escolhas que o Parlamento terá que fazer. É um processo longo de conscientização de uma sociedade que não está acostumada a fiscalizar e se sentir proprietária do governo”, pontua.
Dentro do atual quadro político brasileiro, Júlio Marcelo afirma que a falta de transparência cria espaço para a corrupção, além de maus projetos e obras sem fiscalização na sua execução. Para ele, a destinação de recursos por políticos não gera corrupção, mas cria um espaço de poder, em que aquele político passa a fazer indicações individuais para alguma obra pública ou entidade.
Durante a entrevista, o Procurador afirmou, ainda, que o Brasil está em uma encruzilhada histórica quanto à corrupção e que para combatê-la é preciso aprovar medidas que facilitem a investigação e acelere o processo penal.
“Se a gente consolidar essas medidas anticorrupção, e o Supremo tiver um papel importante nisso, nós vamos dar um salto cultural de intolerância à corrupção, mas se continuarmos achando que ricos nunca serão presos e que a corrupção compensa, não vamos voltar ao que nos éramos, e sim ficarmos piores. Tínhamos uma corrupção dissimulada, hoje foram expostas as vísceras dela para a sociedade”, conclui Júlio Marcelo.
Texto: Amanda Brito
Revisão e edição: Rhanna Machado
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